Thursday, September 13, 2007

Uma simetria ilusória - Na mui nobre e invicta

Avenida dos Aliados

Descalço sobre as dunas de uma qualquer pátria e a padronizar ecos solenes á nossa pátria, vai gritando uma criança numa atmosfera hostil e demasiado enclausurada:
- SOMOS UM POVO.
- TEMOS AS NOSSA RAÍZES.
- QUEM VOCIFERA POR AQUI?
- QUEM COMANDA A NOSSA CIDADE?
A criança continua a observar tudo, enquanto vai dando milho aos pássaros ou pedaços de pão numa avenida enorme.
Os adultos olham para ela cabisbaixos e vão murmurando:
- Ele tem razão, mas o que pudemos nós fazer?
- Ele é uma criança ainda; tem que se sujeitar ás regras da sociedade como nós.
Vai gritando um homem na casa dos seus 40 anos.
De repente e sem contarmos, aparece uma velhinha com os seus 80 anos que vai sussurrando:
- É somente uma criança ou é o nosso futuro?
- Quem somos nós para protestar com os pensamentos duma criança?
Em toda aquela exaltação, aparece um homem na casa dos seus 30 que vai gritando:
- Porra, que cambada de lunáticos e demagogos, porque é que não se metem na vossa vidinha engaiolada?
- E tu miúdo, não tens que estar a estudar em vez de estares a fazer estes espectáculos gratuitos e infames?
O miúdo regressa a casa a soluçar e no seu choro balbucia palavras:
- Onde estou?
- Para onde vou?
E no meio desta hesitação toda, o miúdo não sabe qual a ponte que deve cruzar ou qual a margem que deve ocupar e a praça onde ele se encontrava, encontra-se agora deserta e despovoada, sem uma voz, sem um GRITO.