Wednesday, February 14, 2007

Correntes esbatidas num acessório desprovido de sentidos


Através de correntes electricas e ilusórias, a procura de um dado externo ao encéfalo, faz com que o sonho nunca seja esbatido, encontremo-nos nas circunstancias que nos encontrar-mos.
Num simples pião que gira, num simples acordeão que toca. 
O perfume vai sendo espalhado vagamente como se fossemos meros intersticios crepusculares de areia insipida.
Posso tentar deambular em palavras articuladas de acessórios dispares, contudo a maré nunca desceu á encosta, nem a montanha pariu um rato.
Num monte de papéis disformes e disléxicos, tento encontrar ideias formatadas em conversas paralelas.
- Olá... Tudo bem?
- Como andas?
- Tenho saudades tuas, quero acariciar o teu corpo e a tua voz.
Noto que os botões se vão movendo quais eternos Deuses de outrora e vagamente, começo a respirar bem melhor.
- Serei Orpheu ou Zeus?
- Serei Morpheus ou Bacchus?
Procuro nos meandros e supostos enclaves memoriais, sombras e ideias revoltas num tempo que já não existe.
Vivo na aparente ressonancia da chuva e adoro o calor que ela me vai provendo...
Tento-te escutar com ouvidos sensatos, mas nunca saberei quem és...
- Serás a Calliope ou a Afrodite?
- Serás Vénus ou Medusa?
Continuo numa constante escuta de transmissões paralelas, vou tentando escrever desenfreadamente com um cigarro à volta dos meus lábios e com isso vou absorvendo o seu vicio que pode ser hediondo mas tão saboroso ao mesmo tempo...
Os papéis lutam e os actores já não são os mesmos. 
O cenário foi completamente disposto e meticulosamente pensado, as cadeiras fazem parte do cenário, mas as vozes interiores e externas são compostas por sabores que não são sentidos a olhos nús...
No entanto, cá vou eu "Ancôra rio abaixo" a sentir e sonhar com a maresia tempestuosa de quilometros de magia inesgotável.
No entanto, interrogo-me a mim mesmo:
- Para quê?!
- Para quem?!

FIM