Thursday, February 15, 2007

Tempo imemorial

Décadas de pleno prazer permanecem numa ampulheta, a areia vai escorrendo nos seus trâmites (i)legais, permanências dissolvidas em constantes devaneios circunscritos a áreas de pequena dimensão.
Através de pequenas arestas e fissuras, ela permanece imóvel e nunca movediça.
A estrutura de um pequeno utensilio é atirado ao chão, a procura de uma textura verossimil não é fugaz, mas sim latente em vários niveis de envolvimento, notam-se peliculas aqui e ali; wir koennen alles machen und nie verstehen, numa vaga recordação imemorial, aparecem imagens de tempestades colaterais.
Nota-se a marca da espada, as pequenas imagens dispersas no chão, uma fome insensata evoluindo num estágio constante, essa imagem é-nos colocada como se de uma pequena nota se tratasse, imersa, ela vai emergindo como uma pequena folha de chá para alegrar todos os dias, observamos sons, desencantamos imagens vindas do além; tacteamos vagarosamente uma atitude por demais evidente, sempre a correr e a desvanecer, marionetas desprovidas de fio, mentes em estágio convulto e envolvente, percorremos na nossa mente, todas as imagens que nos vão sendo dadas com a pelicula aderente a nós mesmos, como uma ideia cartesiana, corre e corre, quilometros para descobrir, actos em constante paralelo com um deslumbramento visual e sonoro.
O espaço sendo circundante, torna-se deveras introspectivo e intimista, poucos metros a percorrer todos os dias, fatigada até á exaustão, o relaxe é extenuante, todas as texturas aparecem de repente, enquanto uma criança corre num constante vai e vem.
Os pacotes de açucar vão sendo filtrados no seu intimo, montes de papel a ser aglutinado, como se de serpentinas se tratassem.
Confettis em todo e por todo o lado, vão servindo de armas ineficazes, sendo recicladas continuamente, nota-se novamente o olhar fixo e disperso, abunda literalmente o(s) ócio(s) destilado(s), apesar do espaço literal, a ilusão permanece inquieta, como se de um simples galho com pólvora se tratasse, acende-se mais um cigarro, intercalando a memória com o tempo; somos editores de nós mesmos, numa constante metamorfose de um surrealismo dadaista, através de um pequeno invólucro, vai-se abatendo dobre nós um número desenfreado; as palavras vão sendo sussurradas aqui e ali, num permanente estado de confusão e caos intermitente, não se escutam os lamentos ou atribulações constantes de vidas desgarradas, somente corpos estáticos e imóveis, vão sendo recolhidos aqui e ali, servindo de moeda de troca,o vil e nefasto niquel, através desse pequeno objecto deambulatório, obtemos um sorriso, uma espiritualidade inacta e absorta em termos comparativos,
Não se vai indagando á toa, somente pensamentos permanecem em chávenas a serem recolhidas e lavadas para todo o sempre, entre palavras e folhas entrecruzadas, num estado permanente de sitio, onde pequenas conjecturas febris e crescentes se vão tornando verossimeis e pálidas, através de um pequeno bocejo de Pierrot de cara deslavada e esbranquiçada, a longitude desmembrada, tenta fazer a todo o custo, olhos fugazes amendoados, que vão aparecendo e desvanecendo nessa noite que corta hemisférios pueris de atitudes pouco concretas; mais uma vez observam-se as linhas a serem traçadas, a água a deslizar suavemente, por entre bactérias de sons e aromas olfactivos indigestos.
A limpeza tenaz permanece enclausurada em cadeiras vazias; as cortinas vão sendo corridas e corridas, quais estendais a serem descobertos, as pregas e molas vão-se amontoando de uma forma concreta e peculiar, as noticias cor-de-rosa, são dispares como o vento que percorre a toda a velocidade prazeres distantes e ocultos de mentes convulsas e perturbadas, sais atipicos são formados de uma forma ambulatória; as imagens continuam de uma forma permanente e num só sentido, escutam-se sons; os passos vão sendo esgueirados, através de pequenas correntes, ás quais a memória não sabe responder, continuamos nos prazeres ocultos de uma carga relampejante, logos estereótipados vão-se multiplicando por entre garrafas vazias e sensasoriais com um possivel deslumbramento de retratos fragmentados, obtemos luzes que fogem, estreitas e incolores, cores carregadas com frutos a serem desenvolvidos através de pequenas somas de quadros dispostos a serem imediatamente transpostos para telas entrecobertas, ouve-se o rugir da madeira, desde a sua essência até ao final concreto e real, na imensidão de um palco descortinado, tentamos vaguear por atmosferas sombrias, obtendo com isso condições climatéricas favoráveis, através de mentes iluminadas, escutam-se risos acanhados de oxigénio a ser bombado continuamente no fluxo sanguineo, as recordações de objectivas sem alma, são mais uma vez cortadas e rasgadas em mil pedaços, tentamos absorver a neve e ela aos poucos e poucos vai falando com nós:
- Sabes quem sou eu?! Sou aquela por quem tu anseias, sou aquele pedaço de papel que não consegues escrivinhar; sou a união latente de corpos em fusão, sou tudo o que irás sempre desejar, sou um produto da tua mente, mantenho uma visão constante da tua essência, sou o som dos teus ossos a estilhaçar, sou o teu corpo em ebulição, sou o objecto profundo da tua admiração e no entanto faço-te uma simples pergunta:
- Quem és tu?! 
Porque é que não me anseias encontrar?! Estou aqui tão perto de ti. 
Porque foges?! 
Não queres sentir a minha essência?!
A minha cabeça baloiça pertinantemente entre ruidos e espasmos constantes, penso na neve, admiro a ponte, venero todos os edificios que passam na minha visão olfactiva
Ao mesmo tempo, vou-me interrogando constantemente o porquê da chávena estar suja e alegre, observo o cigarro que teima em não se apagar, enquanto o tempo passa e passa.

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