Thursday, February 15, 2007

O voar de um pássaro

Ele voa sem rumo...
Ele não conhece, mas sente...
É torturado e deixa-se torturar...
Ele ama-se, ele odeia-se..
Ele mata-se e deixa-se ser morto...
Ele pisa e é pisado..
Ele enlouquece, ele ama sem ser amado...
Ele não vive, sobrevive..
Ele não chora, sente..
Ele não sente, mas chora..
Ele nasce, vive e é morto...
Uma, duas, três vezes...
Ele é depenado e espoliado..
Ele sente se agastado; desgastado e afastado..
Ele voa sem asas..
Ele voa rumo ao horizonte...
E como Ícaro, aproxima-se demasiado do sol...
Ele cai, é amassado, atropelado, mas volta a voar...
Ele não tem fome, não tem dor, e não sente, só sobrevive...
Ele ama voar, mas não o deixam...
Ele adora sonhar, mas não passa de um sonhado...
Dói, sente, morre...
Voa contra janelas...
Ele voa no plano etéreo...
Ele é fraco e frágil...
Mas voa, afinal de tudo é um pássaro...
Ele ama e voa sem ser amado, ele é calcado e pisado...
Aparece e desaparece...
Voa a pensar, sem pensar no voar...
È um pássaro solitário e triste...
É um pássaro sem fome e fraco, não gosta do mundo...
Mas voa para sobreviver, come para não morrer...
Ele é feio, ele é mau, ele é fraco e dócil...
È um pássaro...
Que voa sem voar, sem vislumbrar o horizonte...
Ama o vôo sem aterrar...
Ama outras dimensões...
Ama o seu mundo...
Detesta o passado...
Adora o presente...
Odeia o futuro...
Ele é um pássaro que não voa...
Uma luz que se apaga...
Voa na escuridão, na procura de uma paixão...
Solitário, triste e frágil..
Ele voa sem parar...
Morre ao anoitecer...
Vive ao acordar...
Na matina cinzenta e triste...
Ele voa sem parar..
Cansado na penumbra da escuridão, ele volta a ao irreal, á libertação, á procura da realidade..
Vive nos sonhos..
Acordando com a realidade...
Não tem asas para voar...
Não tem alma para sustentar...
Ele ama o próximo..
Detesta o oculto, a indiferença, a loucura...
É um pássaro que voa sem parar,,,
Que acorda sem sonhar...
Que sente o rugido do mar...
Sente-se a afogar, sem poder voar ou o afastar...
É um pássaro sem rumo ou destino...
Um pássaro que passa a meditar, a perguntar...
A calcular e a pensar...
Um pássaro com fome...
Que não pensa...
Um pássaro oculto; um pássaro que sente, um pássaro que desaparece...
Afinal de contas...
É somente um pássaro...

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